Dia Internacional do Brincar (World Play Day, em inglês) foi criado em 1999, com o objetivo de dar ênfase ao 31º artigo da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas, no qual se destaca que todas as crianças, sem exceções, têm o direito a descansar, relaxar, brincar e participar em atividades educativas e culturais.
Esta data visa salientar a importância do brincar no bem-estar, saúde e desenvolvimento das crianças.
De acordo com Yogman et al. (2018), as crianças nascem imaturas quando comparadas com outras espécies. Só após o nascimento é que ocorre um desenvolvimento cerebral maior, o que torna as crianças totalmente dependentes dos pais. No entanto, a criança cria mais facilmente independência e autorregulação ao brincar.
A maior parte das nossas crianças até aos 10 anos, brincam, em média, apenas 2 a 3 horas por dia, segundo um estudo recente da Escola Superior de Educação de Coimbra – Portugal a Brincar. Devemos, por isso, refletir sobre esta redução do tempo do brincar, bem como das suas consequências para o desenvolvimento infantil.
Os pais devem participar nas brincadeiras dos seus filhos. Desta forma, fomenta a ligação afetiva entre eles e a criança aumenta o seu interesse e motivação, enquanto desenvolve diversas capacidades.
Alguns benefícios do brincar:
Ensinar a negociar;
Promove a socialização/autonomia;
Desenvolve a motricidade global, motricidade fina e a manipulação;
Aumenta a eficácia do sistema imunitário, cardiovascular e endócrino;
Estimula a criatividade e a imaginação;
Permite um melhor autoconhecimento;
Melhora a saúde mental;
Estimula a atenção;
Ensina a incorporar regras;
Ensina a lidar com a frustração;
Aumenta a capacidade de trabalhar em equipa.
Desenvolve o raciocínio;
Desenvolve a linguagem oral, verbal e escrita;
Por todas estas razões , o brincar não deve ser apenas uma atividade para manter as crianças ocupadas e entretidas, deve ser visto como uma atividade estimulante e essencial para a promoção de um desenvolvimento e aprendizagens saudáveis da criança.
A brincadeira e o desenvolvimento andam de mãos dadas
Segundo uma nota publicada no site da Ordem dos Enfermeiros, pode ler-se que “brincar é uma das atividades mais importantes para a criança” que lhe “permite tomar conhecimento com o mundo e com o meio que o rodeia, desenvolve as capacidades auditivas, visuais e sensório-motoras, facilita a estabelecer relações sociais e os valores da sociedade. Por outro lado, a criança também desenvolve as suas capacidades intelectuais, criatividade, imaginação, sentido figurativo e representativo”.
Os jogos, as brincadeiras e alguns brinquedos estimulam diversas aprendizagens e competências das crianças. As brincadeiras fisicamente mais ativas (correr e saltar, por exemplo) é, de acordo com os especialistas, as mais adequadas para o desenvolvimento muscular e o “libertar o excesso de energia”. É através das brincadeiras de criança, que estas, “exploram a natureza e o mundo que as rodeia. Com a partilha de brinquedo aprendem as relações sociais – o dar e o receber – testam as suas capacidades e ao compararem-se com os outros iniciam um processo de autoconsciência. Percebem quem são e qual o seu lugar no mundo, o certo e o errado, assumindo as responsabilidades das suas ações”.
A importância do brincar no desenvolvimento psicomotor: relato de experiência
O brincar torna-se importante, pois é o início do processo de aprendizagem: a criança brinca naturalmente, num processo biológico, inato e genético, com a mera finalidade de aprender a capturar. Pela brincadeira ela explora o seu corpo e o seu ambiente, desenvolvendo sensações.Além disso, a curiosidade é estimulada, aprende a agir, adquire iniciativa e autoconfiança, desenvolve a linguagem, o pensamento e a concentração, tendo uma função vital para o indivíduo principalmente como forma de assimilação da realidade (Mitre, 2000; Mitre & Gomes, 2004; Moura & Silva, 2005). Através da observação do desempenho das crianças com os seus brinquedos pode-se avaliar o nível de seu desenvolvimento motor e cognitivo. Dentro da atmosfera lúdica, manifestam as suas potencialidades e, ao observá-las, poderemos enriquecer a sua aprendizagem, fornecendo, através dos brinquedos, elementos que faltam para o seu desenvolvimento normal (Lorenzini, 2002; Mitre, 2000; Mitre & Gomes, 2004).
A vantagem das aprendizagens alcançadas através do brincar é o fato de que os enganos cometidos não são considerados erros, mas tentativas de acertar. Quando a criança não tem medo de errar, arrisca mais e é mantido o clima de alegria e descontração. A preservação do prazer na atividade contribui para que se instale o hábito de se estar ocupada sem ser por obrigação, mas, pelo contrário para realizar uma atividade agradável, através da qual ela está aprender (Cunha, 1997; Lorenzini, 2002). A família destaca-se como elemento promotor de integração da criança com o ambiente, visando à estimulação de uma forma não mecânica. Mesmo durante a rotina da vida diária de uma família, existem muitas oportunidades para estimular o pensamento das crianças e para torná-las mais confiantes. A melhor fonte de aprendizagem é um adulto disposto a partilhar experiências com as crianças; desde que isso seja feito de maneira natural e amiga. O fato de dar atenção e demonstrar interesse significa que a estamos a valorizar como pessoa, e por esta razão ajudando-a a elevar o seu autoconceito (Cunha, 1997; Lorenzini, 2002; Moura & Silva, 2005).
Burns e Macdonald (1999), Eckert (1993), Mannoni (1986), Sptiz (1988), e Wanderley (1997) afirmam que a influência do meio ambiente físico, social e psíquico sobre o desenvolvimento da criança tem importância crítica. Admite-se, geralmente, que o desenvolvimento emocional da criança seja prejudicado pela falta de carinho e afeto por parte dos pais. Mas o desenvolvimento físico pode também sofrer atrasos ou deformações em consequência de um inadequado ambiente, assim como o desenvolvimento cognitivo, o psíquico e o social podem ter danos decorrentes de inadequada estimulação motora. De acordo com Brant (2005), são expectativas familiares: produzir cuidados, proteção, aprendizado de afetos, construção de identidades e vínculos relacionais, capazes de promover melhor qualidade de vida a seus membros e efetiva inclusão social na comunidade e sociedade em que vivem. O fato de que essas expectativas são possibilidades e não garantias fazem com que a família possa vir a ser fortalecedora ou enfraquecedora de suas possibilidades e potencialidades.
Deste modo, a relação família-criança-brincadeira têm dupla função: consolidar os esquemas já formados e dar prazer ou equilíbrio emocional à criança, propiciando uma estimulação mais livre e menos traumática, fazendo com que ela aprenda sem perceber (Brant, 2005; Cunha, 1997; Lorenzini, 2002; Moura & Silva, 2005).
Resumidamente, Brincar é a forma mais sublime de descobrir, proporcione esses momentos aos seus filhos.
// Artigo escrito por Joana Oliveira (Psicóloga)
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