A Adolescência é conhecida por trazer desafios para a saúde e para o desenvolvimento, por ser um período de maior vulnerabilidade e pressão social bem como de adoção de comportamentos de risco. Mas as boas noticias são que também é um período propenso a mudanças positivas, devido à capacidade do adolescente de aprender de forma rápida, de desenvolver o pensamento critico e a criatividade.
É um período de transição da infância para a vida adulta com múltiplas alterações biológicas, cognitivas, psicológicas e sociais. As Áreas do cérebro responsáveis pelas emoções estão mais desenvolvidas, enquanto que o córtex pré frontal (tomada de decisão, regulação) está ainda em desenvolvimento levando a um aumento da impulsividade. Ou seja, as estruturas do cérebro e a maturidade mental ainda não estão totalmente desenvolvidas, isto não justifica, mas ajuda a explicar alguns comportamentos mais impulsivos e desajustados dos adolescentes.
Os principais desafios da parentalidade nesta etapa são precisamente: lidar com o processo de individuação dos filhos, serem do "contra" e testarem os valores familiares, o grupo de pares que assume lugar de destaque, a necessidade (por parte do adolescente) de privacidade, a "vergonha" dos pais e julgarem-se donos da verdade.
Uma parentalidade positiva e um vínculo pais-filhos forte é um dos principais fatores de proteção.
Pratique a escuta ativa (Ser capaz de estar com atenção ao que a outra pessoa está a dizer. Ouvir implica dar lugar a quem fala, seja adulto ou criança, permitindo a expressão sem interrupções das suas ideias e sentimentos.) o seu filho vai ouvi-lo depois de se sentir ouvido.
Converse sobre o que está a sentir (Se não expressarmos os nossos sentimentos e desejos, os outros podem fazer interpretações erradas e tomar decisões.) se quer que o seu filho partilhe também tem de partilhar.
Valide as emoções: Permita que o adolescente sinta, deste modo aprende a gerir. Não tente remediar ou dizer para não sentir isso ("não chores"), Valide por exemplo "vejo que estás mesmo.. (zangado, triste...)
Seja claro, conciso e específico (Diga aquilo que quer realmente dizer, da forma mais direta possível. Se necessário, dê exemplos que ilustrem aquilo que quer dizer.) Em vez de dizer: Lembras-te que fizemos um acordo há uns tempos? Aquela conversa que tivemos depois da tua birra acerca das tarefas? diga: Acordamos que passarias a fazer as tuas tarefas até às 19:30, já tens tudo feito?
Ordens pela positiva (Uma importante troca de comunicação consiste em pedir a alguém para fazer alguma coisa.) exemplo:
- Seja positivo. Explique o que deseja, em vez do que não deseja. "senta-te na cadeira" em vez de "não subas para cima da mesa"
- Seja específico. "por favor desliga o telemóvel às 22:00" em vez de "não desligues o telemóvel tarde"
- Use mensagens na primeira pessoa. "eu gostava de partilhar o dia na hora de jantar" em vez de "estás sempre a olhar para o tablet".
- Pergunte como e o quê, não o porquê para não levar a instintos de defesa. "o que é preciso para te lembrares de arrumar os brinquedos?" em vez de "por que é que não arrumaste os brinquedos?"
- Verifique se a ordem pedida é acatada e compense o comportamento.
Aceite as suas próprias limitações, reduza a culpa parental e promova interações positivas com o seu filho adolescente.
// Artigo escrito pela Dra. Daniela Fonseca (Psicóloga)
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