É inevitável que as crianças não se apercebam do conflito existente entre a Rússia e Ucrânia uma vez que as notícias, as imagens e as conversas sobre a guerra estão por todo o lado.
Assim sendo, se queremos que valorizem formas pacíficas de resolver os problemas e os conflitos e que descubram o que podem fazer para ajudar a transformar o mundo num lugar melhor, o melhor que podemos fazer é disponibilizarmo-nos para escutar as suas preocupações, conversar e responder às suas questões, corrigir possíveis ideias erróneas, filtrar a informação a que acedem, promover a reflexão e consciencialização acerca do tema.
Assim, sem alarmismos nem exageros e com uma linguagem que a criança entenda, deve procurar-se uma explicação que tranquilize e transmita segurança e esperança. Mais do que focarmo-nos na violência e na destruição, devemos salientar que a guerra acaba com a paz, geralmente conseguida através do diálogo e do estabelecimento de acordos.
Seguem-se com algumas dicas de como abordar o tema junto dos mais pequenos:
✓ Procure dar espaço para que a criança faça perguntas e expresse aquilo que sente, partilhando os seus medos e preocupações. Foque-se naquilo que a já criança sabe acerca do tema e siga a sua curiosidade evitando dar-lhe informação excessiva acerca do tema.
✓ Reconheça a preocupação da criança validando e acolhendo os seus sentimentos. Diga que é normal sentir medo e que os pais vão protegê-la e ajudá-la no que precisarem. Falem abertamente sobre o que sentem. Pode utilizar inclusive alguns recursos como o desenho, histórias ou brincadeiras através dos quais a criança se pode expressar mais facilmente.
✓ Evite rótulos ou julgamentos colocando em oposição os “do lado certo” e “os inimigos”, os “países bons” e os “países maus”, evitando de igual modo esteriotipar grupos de pessoas pela sua pertença cultural, nacionalidade ou religião. Pelo contrário, esta pode ser uma oportunidade para promover a tolerância e a compaixão, o respeito por todos e pela diversidade.
✓ Não negue a gravidade da situação, mas procure simultaneamente transmitir a mensagem de que há esperança e muitas pessoas a tentar ajudar de várias. Sublinhar estes atos de coragem, bondade e serviço aos outros recorda às crianças e aos jovens que, apesar de existirem situações de grande adversidade também existem sempre atos de humanidade e amor entre as pessoas.
✓ Aproveite esta conversa para sensibilizar e educar para a não violência. Converse com o seu filho sobre a importância de resolver conflitos de forma pacífica, recorrendo a estratégias de resolução não violentas, assentes no diálogo, no respeito pelo outro, na escuta e na procura de soluções que beneficiem, de alguma forma, todas as partes.
Aproveitemos a guerra para educar para paz, ajudando as crianças a interiorizar a ideia de que os conflitos podem ser resolvidos pacificamente e que, apenas dessa forma, poderemos todos transformar uma crise numa oportunidade de aprendizagem e crescimento.
// Artigo escrito por Sílvia Oliveira (Psicóloga)
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